EQUADOR
Miguel Sousa Tavares deu uma entrevista exemplar ao "Mil Folhas". Pela primeira vez, desde que me lembro, alguém que escreveu um livro de ficção, não se declarou "escritor". Pelo contrário, afirma que o não é. E lá ficamos todos a discutir se terá razão ou não. O seu testemunho foi tão honesto e fiel como o livro. Sem paciência para as "caganças"que caracterizam o discurso geral, limita-se a dizer que tinha uma história para contar e a contou o melhor que foi capaz. Mais: atreve-se a dizer que "não sabe se o seu livro ajudou a literatura. Mas que ajudou, de certeza, a leitura". E isto é indiscutível.
Duvidosamente, Equador ganhará qualquer prémio literário. Não está na editora certa, e vendeu demasiados exemplares. De resto, com a honestidade de alguém que leu as mais de 500 páginas e gostou, não sei se o mereceria. O ano passado, em Barcelona, Agustina disse uma coisa que chocou muita gente: afirmou que em Portugal se tinha inventado uma nova razão para atribuir prémios literários, a Piedade. Isto é, premeia-se aqueles que ninguém quer ler. Ela tem idade e talento suficientes para a acreditarmos.
Sousa Tavares, quando quiser pode escrever neste blog. A sua postura não poderia estar mais próxima da ironia do Prazer Inculto...
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